Projeto Ultimate

Desculpa a demora com isso, galera. Sei que estou empatando a chuva de ideias com isso, acreditem, não foi de propósito. Mas esperem novidades pra breve.  

Uma ideia que eu queria mostrar para vocês.


Através da densa e constante borrasca que varria o escarpado relevo escaldante de Inferyus, arrostando ventanias flamejantes capazes de arrancar a carne do corpo de um dragão enquanto transformava-a em cinzas, um poderoso vulto abria caminho por entre farpas pedregosas e emboscadas assassinas dos ymmundi tolos o suficiente para desafiarem-no. A trilha do andarilho era marcada por corpos destroçados, que agonizariam ali onde caíram por eras antes de conseguirem voltar a ser alguma ameaça a qualquer um no bolsão dimensional ultracompacto de Inferyus. Nenhuma forma de alívio, nem mesmo a Morte, alcançava aquele canto execrado pela Existência.

Hagadom, Supremo Lorde Inferyal, ergueu a cabeça e apontou suas grandes antenas em forma de raios na direção do Limiar. Destroçou mais dois ymmundi que tentaram se aproveitar da aparente distração do Senhor de Inferyus enquanto contemplava a oscilante superfície superior do bolsão, ondulando e dardejando rajadas de energia como nem o mais furioso dos céus de qualquer das dimensões faria. O Momento estava próximo.

A seus pés, a cratera Hurdök decuplicava o calor ambiente por conta das emanações do conteúdo de suas profundezas. O próprio Hagadom, calejado e fortalecido por uma existência mais longa do que a vida da maior parte dos próprios deuses nas condições inclementes reinantes naquele Plano, não resistiria à exposição aos eflúvios da infame Cloaca de Inferyus por muito mais tempo. Mas ele só precisava de dois ou três minutos.

Erguendo o braço, estendeu-o diante da cratera. Entre as tenazes de sua manopla, Hagadom continha uma alma do Plano Primário. Uma tão especial que era capaz de resistir mesmo aos efeitos daquela extrema profundidade do Esquecimento, ainda que também não o faria por muito tempo mais. Mas, novamente, Hagadom só precisaria dos próximos minutos.

Estendendo o tentáculo central de suas costas, o Lorde Inferyal arrancou uma estalagmite afiada de mármore de Inferyius que brotava a vários passos atrás de si e a trouxe à sua mão esquerda. Sem perder tempo, usou-a para empalar a alma especial, cujos uivos de desespero atingiram níveis ainda mais satisfatórios para o perverso ymmundu. Mas seu sofrimento estava apenas começando.

Hagadom lançou a alma transpassada pela estaca pétrea às profundezas de Hurdök, juntamente com rajadas maciças de energias Inferyais canalizadas por suas antenas, baforadas mefíticas jorrando de sua garganta e feixes de trevas ebúrneas despejando-se de seus olhos. Ao ser alvo do inédito ritual, a Cloaca de Inferyus regurgitou contra o turbulento "céu" do bolsão dimensional um único pulso de energia, um brilho purpúreo entremeado de fagulhas esmeraldinas.

E os "céus" de Inferyus rasgaram-se de horizonte a horizonte, deixando despejar através de si uma cascata irrefreável de plasma hiperenergizado, como se o conteúdo do núcleo de uma estrela escoasse sobre a já inóspita superfície interna do bolsão. Os arredores da cratera Hurdök eram a única área onde o grotesco processo não tornava o ambiente ainda pior do que já era.

Hagadom agora exibia um esgar de plenitude. A torrente de matéria cauterizante estava também ampliando os domínios de Inferyus. No nível menos abaixo dele no Esquecimento um outro bolsão, qualquer que fosse, se esvaía e deixava de existir. Almas aprisionadas despencavam contra as estalagmites de mármore negro incandescente, entidades que antes dominavam em seus círculos malditos agora sendo reduzidas a sombras igualmente condenadas, força e poder jorrando e ampliando ainda mais os poderes do Supremo Lorde Inferyal.

Oito ymmundi aproximaram-se de Hagadom. Estes não o atacaram, eram mais espertos que os demais para tentarem tal imprudência, e por isso eram tolerados pelo Supremo Lorde na Corte Inferyal. Seus vassalos. Seus primeiros inimigos. Mas, por ora, seus instrumentos.

— Hoje, ymmundi, a primeira das Barreiras caiu! - bradou Hagadom, o troar de sua voz fazendo tremer o substrato rochoso a seu redor — Do outro lado, na assim chamada Eternidade,... - e o soberano ymmundu cuspiu uma labareda tóxica no chão ao proferir a palavra — ...de acordo com o "trato" que o tolo Donaire celebrou  com vosso Lorde, um outro bolsão acaba de ser criado, um Plano Compacto oposto ao nosso! Nosso "sócio" por hora domina ali, mas por sua vez também pressiona as Barreiras restantes do outro lado.

— Passo a passo, aumentaremos a pressão! - continuou Hagadom — Passo a passo, dominaremos primeiro o Esquecimento! E quando chegar o momento da suprema traição, dominaremos toda a Existência! QUE VENHA TUDO PARA INFERYUS!!

E o Lorde ymmundu gargalhou, e com ele os outros oito gargalharam sem alegria, mas antegozando o momento de domínio inevitável. Em um último ato naquele ritual, Hagadom estendeu novamente o braço na direção da Cloaca de Inferyus, e o objeto que havia lançado às suas profundezas retornou para si, transformado. Agora era uma portentosa lança de metal e rocha inferyais entremeados, encimada por um pentagrama invertido de cujos vértices projetavam-se lâminas denteadas à guisa de pontas. Alimentada pelo poder da alma ali sacrificada, o Aguilhão de Hagadom era agora uma das armas mais poderosas da Realidade.

E no cerne da arma, aterrorizado e indefeso apesar de quem e do que havia sido, Stygh urrava em silêncio e desespero eternos.

D'z, cria um tópico pra esse texto pra gente conversar sobre ele =D